04/03/2011

Hostels dão cor à cidade - Cinema Hostel


Começou com o Andarilho Oporto Hostel. Actualmente, são mais de uma dúzia os hostels do Porto e já conseguiram o reconhecimento internacional com diversos prémios.

Só quem sabe onde estão é que repara nos hostels da cidade. Estão em casas comuns, em edifícios antigos, recuperados e sem grandes placas a anunciar. E a ideia é essa. Um hostel é mais do que um espaço de alojamento. É uma casa - com camas alugadas - que promove o convívio entre os hóspedes e que está, por norma, instalado no centro da cidade. Uma das características dos hostels são os preços baixos. Têm quartos privados, mas é em camarata que se conseguem valores como dormidas por 15 euros, com pequeno-almoço incluído e Internet grátis.

Há uns cinco anos não existiam hostels no Porto. Actualmente, já são 14 e prevê-se que, com os que estão em construção, cheguem ainda este ano às duas dezenas. As companhias aéreas low-cost trouxeram mais turistas para a cidade, o que obrigou a ter mais camas e cada vez a preços mais apetecíveis.

Internacionalmente, os hostels do Porto são cada vez mais conhecidos. Nos rankings - onde são votadas as condições - os hóspedes dão nota máxima aos hostels portuenses. Recentemente, foram atribuídos os prémios Hoscar Award 2011, pelo Hostelworld, um site internacional de reservas para este alojamento. O Rivoli Cinema Hostel ficou em 5º e o Oporto Poets Hostel ficou em 7º lugar na categoria de Melhor Hostel Pequeno.

O fenónemo dos hostels no Porto é tão notório que quase todos tentam diferenciar-se, daí criarem temáticas. O Wine Hostel abriu em Abril de 2010 e fica em frente ao Jardim da Cordoaria, num edifício com mais de um século. O nome, já se vê, está ligado ao vinho. As janelas da sala de estar têm vistas para as árvores e, nas paredes, mostra o património vinícola, com fotografias do Alto Douro Vinhateiro e explicações sobre os néctares. Em cada andar está uma categoria de vinho, como o Ruby, Vintage, LBV ou Tawny. Num quadro estão escritas as actividades do dia para os hóspedes. No total, o Wine Hostel tem 45 camas divididas entre quartos privados (duplos) e dormitórios (camaratas) e tem preços a partir dos 15 euros por pessoa, pequeno-almoço incluído. Estamos em Fevereiro, supostamente época baixa no Porto, mas o hostel está cheio. "A maioria são franceses, brasileiros e espanhóis", explica Renato Andrade, do Wine Hostel.

No Rivoli Cinema Hostel, do outro lado da rua do teatro portuense, Joana Gaio e Rui Pina dão a cara pelo projecto que engloba seis pessoas. A temática da Sétima Arte não surgiu por acaso. Joana Gaio é fotógrafa e estudou cinema, daí ter uma paixão acima do normal pela arte. A isso acrescenta-se a necessidade de se demarcarem: "Cada vez existem mais hostels, por isso, este destaca-se por estar ligado ao cinema. Apostamos na diferenciação", refere Joana Gaio. O Rivoli Cinema Hostel abriu em Outubro de 2008, tem 40 camas e providencia estadias a partir de 16 euros. Os seus hóspedes têm sido sobretudo "brasileiros, sul-coreanos, australianos, espanhóis e estudantes de Erasmus". No edifício de quatro andares, quarto a quarto se sente a referência ao cinema. Os quartos têm nomes de realizadores e indicações de filmes como, por exemplo, o quarto de Quentim Tarantino que, na porta, tem a frase "I love you honey bunny" do Pulp Fiction. O interior dos quartos tem também imagens relativas aos filmes. A casa-de-banho tem referência ao "Psycho" de Alfred Hitchcock. Mas é no último andar que está a maior surpresa. Um amplo terraço, com mesas e espreguiçadeiras, grelhador e onde, com bom tempo, colocam uma piscina insuflável e relva artificial. Na cozinha está o aviso em Inglês: "Se quer o pequeno-almoço na cama, durma na cozinha". Para além do prémio ganho este ano de Melhor Hostel Pequeno, também já ganharam o prémio de Melhor Ambiente, em Dezembro de 2009, dado pela Hostel Bookers.

O Magnolia Porto Hostel também recebeu, em Agosto de 2001, um prémio de Melhor Limpeza pela Hostel Bookers. Logo no mês seguinte a terem aberto as portas. Em Julho do ano passado, Miguel Praça e Hugo Lima lançaram-se no negócio dos hostels.

Susana Ribeiro / cidades@.jn.pt

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